Nesta terça (29), a partir das 19 horas, o programa trouxe para bancada de entrevistas, Lucia Regina Florentino Souto, médica sanitarista da FIOCRUZ, Presidenta do CEBES – Centro Brasileiro de Estudos de Saúde e integrante do GT de transição da saúde do novo Governo Lula. Também tivemos na conexão das pautas, o Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos e Serviços de Saúde em Cruz Alta, Márcio Barboza. Na pauta a realidade das políticas públicas para saúde, orçamento, plano de vacinação, trabalho na transição e as perspectivas para 2023.
Segundo a médica Lucia Souto, a transição é extremamente participativa, tem muito vigor, força e com o engajamento e disposição das pessoas, em todos os GTS, pois possuem um acúmulo enorme, “no nosso GT da saúde temos quatro exs Ministros Chioro, Humberto Costa, Temporão e antes tínhamos o Padilha. A Nísia também tem uma baita trajetória, enfim todos com muito conhecimento”.
Ela conta que em 2023 foi construído um plano nacional de saúde, a partir de uma fase inicial que ocorreu a partir de uma grande conferência realizada em agosto. Algumas diretrizes como orçamento ampliado e a revogação da emenda 95 que congelou os investimentos estão apontadas nesse documento”.
Ela relembra o caos da saúde nos últimos 5 anos. “Imagina um país que tem alto índice de mães que morrem no parto. A poliomielite voltou. Temos que ter metas para promover a saúde das pessoas. Precisamos carreira de estado para os profissionais da saúde. Apontamos no documento da Conferência Nacional que é preciso ter a saúde como eixo estratégico de desenvolvimento no Brasil, pois sabemos que daqui para frente é preciso ter planejamento para crises”.
Ela ainda conta que na transição, o grupo está vendo como recompor o orçamento, trazendo 22,7 bilhões para investimentos em saúde que vão desde o investimento no programa das Farmácias Populares, até políticas de saúde para mulheres. “Não podemos admitir a volta do sarampo. Fizemos uma reunião com o Lula e o GT da transição. E ele garantiu que saúde tem que ser prioridade. Colocou que é preciso zerar as filas do SUS que acabaram sendo represadas durante a pandemia. Iremos encaminhar diagnóstico e recomendações para o Presidente Lula. Temos um apagão na área da saúde. O Tribunal de contas verificou um depósito de vacinas em Guarulhos que está para vencer. Não fizeram gestão. Essa semana teremos uma prévia de um relatório do GT da saúde e do nosso trabalho até aqui. Temos prazos curtos. É e grandes escutas junto aos conselhos. Assim vamos apresentar anexos com medidas, portarias e decretos que devem ser revogadas. O trabalho é intenso, mas não nos cansamos, pois temos um Brasil para reconstruir”.
O Presidente do Sindiesca, Márcio Barbosa, comentou sobre a perspectiva dos sindicalistas e do setor da saúde para 2023. “A fala da médica Lucia que faz parte da transição nos traz um alento e uma esperança, pois o projeto político que existia trouxe inúmeros absurdos. A transição em poucos dias, conseguiu fazer diagnóstico, dando um norte de como as coisas irão andar. Temos segurança daqui para frente. Destruíram com o plano nacional de vacinação. Retrocedemos nos últimos cinco anos. Temos que revogar a PEC da morte e temos pessoas de peso trabalhando nisso e isso é muito satisfatório”.
A médica da Fiocruz disse que é fundamental que a Pec da transição que já foi protocolada seja aprovada. “Retirar o Bolsa Família do teto de gastos é importante, pois assim conseguimos retomar o sistema nacional de imunização. A velha comunicação do Zé Gotinha tinha referência em relação as vacinas. O povo brasileiro sempre se vacinou. As pessoas optaram por viver. Existe um estudo do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde, que diz que precisamos vacinar 1 milhão de pessoas por dia, pois são 300 milhões de doses. O bolsa família, por exemplo, era um programa que exigia vacinação. Ele está articulado com diversas áreas. É diferente de somente um auxílio”.
Sobre a realidade do hospital filantrópico de Cruz Alta no RS, que possuí a problemática do atraso de salários junto ao Hospital São Vicente de Paulo, o Presidente do Sindiesca, comenta que o modelo dos hospitais filantrópicos é uma realidade complicada de ser organizada no RS, que passa por dificuldades. “O resto do Brasil tem mais hospitais públicos. Viemos brigando pela modificação da tabela SUS para os hospitais. Hoje temos um sub financiamento do sistema público. Aqui sempre tem salários atrasados. O hospital depende de emendas parlamentares que não garantem a vida plena da entidade. Esperamos mudar essa realidade para 2023, construindo novas alternativas para fontes de custeios para os hospitais, piso nacional da enfermagem, a partir da mobilização junto a confederação dos trabalhadores da saúde”.
Lucia finaliza falando sobre a questão da inércia do Governo Federal em relação aos investimentos em saúde e a falta de diálogo com os Institutos de pesquisa que produzem vacinas. “8 vacinas que estão na oferta para 2023 são fabricadas pelo Butantan e isso não está previsto no orçamento para 2023. Não existe diálogos. O Brasil tem todas as condições de despontar nessa área. Existem pesquisas da Fiocruz, mas para isso é preciso ter investimentos. São dimensões que teremos que organizar e por isso é fundamental a liberação e recomposição de orçamentos para 2023. Precisamos ter uma comunicação confiável para termos meios em prol dos direitos. Estamos em um momento de esperança. O povo brasileiro tem sabedoria e cuidado para avançarmos e reconstruirmos o Brasil”, finalizou a Presidenta do CEBES.
Edição textual: Jornalista Diones da Silveira Biagini (Doutorando em Desenvolvimento Regional).