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Legenda: Cartaz do CPERS Sindicato que nomeou o governador do estado inimigo número 1 da educação

Na última semana foi mote de nossa crónica semanal os ditos populares e a “cortina de fumaça” em torno dos ataques e desmonte da educação no RS. A primeira “Tapando o sol com a paneira” trouxe à tona o projeto (agora lei) que busca comprar vagas nas universidades comunitárias.

Uma faca de dois gumes

O foco da lei é ajudar que novos professores se formem, evitando o “Apagão” na educação (forma com a qual a mídia gaúcha chama o fato de não haverem mais interessados na carreira do magistério). O valor aportado, pouco ajuda a combater a falta de professores, mas muito ajuda a salvar as universidades comunitárias que, não por acaso, são confundidas com as faculdades ligadas a grupos empresariais. 

Parcerias público privadas

O chalalá da metalinguagem liberal nunca acaba, já se vão mais de 200 anos. A confusão entre os papéis do público e do privado no estado brasileiro não é um acaso ou uma falta na formação política do povo. As grandes empresas patrocinam uma confusão na cabeça das pessoas, assim não existem critérios na opinião pública em geral na hora de repassar dinheiro do estado para iniciativa privada. Ao mesmo tempo, o investimento em serviços  públicos passa a ser visto sempre como  inchaço do estado e “cabide de emprego”.

Mamando nas tetas da vaquinha

O governo do estado do Rio Grande do sul, através de seu governador (Eduardo Leite do PSDB), anunciou ontem (23/082023) um programa para reformas estruturais das escolas e aquisição de equipamentos via parcerias público privadas, as  PPPs. Seguindo o mote da crônica, ditos populares usados no dia a dia, dá vontade de usar a sigla para fazer um trocadilho, mas não cabe aqui.

O fato é que empresas e empresários do ramo da construção civil passarão a gerenciar recursos da educação pelas próximas três décadas, não só nas construções e reformas, mas também na compra de equipamentos.

O superfaturamento de compras com dinheiro público não é novidade em nenhum lugar do mundo, imagina tirando a fiscalização  da mão do tribunal de contas do estado e da Assembleia legislativa, ou seja do povo gaúcho, colocando na mão de um balancete de uma empresa privada.

Quem desdenha quer comprar

O livro “Privataria tucana” (2011), do jornalista Amaury Ribeiro Jr.,  fez sucesso ao denunciar os escândalos envolvendo as privatizações nos governos do PSDB durante a década de noventa. Nos 2020, no RS, já foi pra carta de privatizações  CORSAN, Sulgás, CEEE…

Na educação – serviço muito complexo de ser prestado e que a população não conseguiria pagar – o negócio é terceirizar a parcela do setor que é lucrativa: obras e compras. “Quem desdenha quer comprar” talvez seja a melhor definição para a estratégia do sucateamento que antecipa as privatizações.

Enquanto isso, aqueles que estão na sala de aula, os professores, depois de serem deslegitimados de sua competência pelas escolas cívico militar, agora são chamados de incompetentes de forma tácita pelos interventores da iniciativa privada.

Parece que é bom, mas é só o governo tapando o sol com a peneira…

Texto do professor Jonas Rodeghiero
Doutorando em filosofia e professor do magistério gaúcho