O Jornal O Coletivo prossegue nesta quinta-feira, dia 15 de dezembro, realizando sua série de entrevistas com sindicalistas, lideranças estudantis e militantes de movimentos sociais. Conversamos com Guiomar Vidal. Ele é Presidente Estadual da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e da FECOSUL (Federação dos Empregados no Comércio de Bens e Serviços do RGS). A CTB foi fundada em dezembro de 2007 em Minas Gerais. Surgiu como uma ideia nova, democrática, plural e de luta. Com objetivo de trabalhar a unidade sindical da classe trabalhadora está organizada em todos os estados do Brasil. É a segunda maior central do país em termos de representatividade sindical.
Questionado sobre o ataque que as centrais sindicais sofreram no último período, ele comenta que houve uma crítica sistemática por parte dos meios de comunicação, do governo e de setores empresariais. “Sempre existiu uma intenção deliberada de desmoralizar o movimento sindical para que pudessem fazer todas as reformas maldosas que retiraram os direitos dos trabalhadores, como foi a reforma trabalhista, que retirou mais de 101 direitos da CLT. E depois na reforma da previdência que praticamente acabou com a aposentadoria, limitando a um salário mínimo e uma aposentadoria na hora da morte”.
O movimento sindical sempre denunciou as maldades contra a classe trabalhadora. Segundo Guiomar foi durante a reforma trabalhista que conseguiram enfraquecer o movimento sindical. “mas hoje mais uma vez as centrais sindicais e os trabalhadores (as) dão a volta por cima e aparecem para sociedade como um instrumento importante na defesa da democracia, dos direitos dos trabalhadores e principalmente na defesa de um novo projeto de desenvolvimento que gere mais empregos e renda para a retomada da economia.
Sobre o aumento do salário mínimo regional, que foi aprovado na Assembleia Legislativa – RS, nesta terça-feira, dia 14 de dezembro, Guiomar considera que foi uma vitória importante, mas ainda insuficiente, pois nos últimos dois anos a inflação acumulou 10,3%. “No passado os parlamentares gaúchos rejeitaram o projeto do governo que previa reajuste de 4,5% no salário regional. Esse ano eles apresentaram uma proposta de 2,73% que era a metade da inflação. Através da nossa luta e de uma campanha montada pela CTB, que depois foi abraçada pelo conjunto das centrais sindicais, a nossa central realizou mobilizações e negociações com Deputados e a Casa Civil. Conseguimos evoluir e dobrar o valor inicialmente apresentado para 5,53%. Foi uma vitória importante”. Segundo ele, no ano que vem será apresentada uma proposta ao Governo do Estado do RS. “Lutaremos pela reposição e perdas salariais sofridas. Estaremos buscando a partir de fevereiro a reposição da inflação acumulada nos últimos anos, que superará 10% e os 4,5 % das perdas sofridas que ficaram para trás”.
O dirigente sindical relembra das lutas realizadas em 2021. A CTB esteve a frente na luta em defesa da vida e do isolamento social. “Trabalhamos em relação a questão da fiscalização, das denúncias junto ao Ministério Público do Trabalho, no comitê da Covid no Governo do Estado e na busca pelo uso de materiais para proteção dos trabalhadores, no enfrentamento a pandemia”. Ele ainda lembrou das manifestações realizadas pelo Fora Bolsonaro. “A CTB sempre esteve na linha de frente. Entendemos que sem a participação dos trabalhadores no processo político não será possível criar um novo caminho para reconstruir o Brasil”.
Em relação as perspectivas da CTB em relação as eleições de 2022, o sindicalista avalia que será uma eleição muito polarizada. E por isso é preciso criar uma frente ampla de resistência de enfrentamento ao Bolsonarismo. “É preciso derrotar essa política de destruição da classe trabalhadora. Tivemos muitas derrotas, pois 95% dos projetos encaminhados ao congresso nacional foram contra os interesses da classe trabalhadora. O custo de vida no último ano aumentou mais de 25%. Ocorre perda no poder de compra. O salário mínimo está desvalorizado. As políticas públicas de Lula e Dilma precisam ser reestabelecidas e isso só irá acontecer com a derrota de Bolsonaro e a construção de uma frente com visão progressista que acredite na indústria nacional”.
Questionado sobre o papel das rádios comunitárias e veículos alternativos nas redes sociais, Guiomar Vidal, comenta que esses meios são fundamentais no processo de construção na raíz da questão e na divulgação contra esse monte de fake news que tem inundado a sociedade. “O movimento sindical precisa estar conectado com os veículos comunitários que podem constituir uma grande teia de informações que vão atingir os setores da sociedade, que precisam ser esclarecidos, em particular, a classe trabalhadora que precisa ter uma consciência mais avançada, fazendo assim a diferença, inclusive na disputa de uma hegemonia de um novo projeto que queremos para o nosso país”.
Edição textual: Jornalista Diones da Silveira Biagini (Doutorando em Desenvolvimento Regional).