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Por Miguel Rossetto*
Os dados divulgados recentemente pelo IBGE revelam uma grave situação para os trabalhadores no Brasil. Ainda que o retorno a quase normalidade da economia – possibilitada pela vacinação contra a Covid-19 – tenha diminuído um pouco o desemprego no Brasil em 2021, o trabalho que apareceu é precário, ruim: de cada 10 ocupações, 6 não têm carteira. A pesquisa mostrou também que, em 2021, o salário dos brasileiros diminuiu em relação a 2020, de R$2.742, para R$ 2.447. O desemprego segue alto, e maior para as mulheres (13,9%), a população negra (13,6%) e para os com menor escolaridade (18,4%).

Mais grave ainda, é que a reabertura lenta da economia não está sendo acompanhada por políticas públicas fortes de geração de emprego e renda pelos governos federal e estadual. Na contramão, para atender aos interesses do mercado, os governos Leite e Bolsonaro estão preocupados em acelerar as privatizações da Corsan, Correios, Eletrobrás, Banrisul, entre outras. Os efeitos desta política nós já sentimos com a Petrobrás e os aumentos constantes dos preços do gás de cozinha e dos combustíveis, e a falta de luz e baixíssima qualidade dos serviços de energia com a privatização da CEEE.

Do outro lado, mais de 19 milhões de pessoas passam fome no Brasil, e 116,8 milhões estão em situação de insegurança alimentar (Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar – 2021). A insegurança alimentar que atingia 10,3% em 2013, voltou aos 21% em 2021. A pobreza que havia baixado para 8,4% em 2014 chegou a 16% no início de 2021. Neste período, o Brasil aumentou sua produção de alimentos, mas esses não ficam aqui, são exportados para outros países; por aqui é a corrida por lagartos, ossos e restos de restaurantes em caminhões de lixo se multiplica.

Se no Brasil a realidade é desalentadora, no RS ela é ainda pior. A taxa de desocupação que caiu 3 pontos percentuais no Brasil em 2021, caiu apenas 0,5% no RS, sendo 76% das novas ocupações informais, sem carteira. Aqui no Rio Grande do Sul são 580 mil os que não encontram trabalho. Para piorar, segundo o Sebrae, o RS ficou em último lugar no Brasil, na geração de empregos pelas micro e pequenas empresas.
Não, o Rio Grande não está ajustado, como a propaganda de Leite anuncia. Falência de micro e pequenas empresas formais acima da média nacional, ampliação do emprego informal acima da média nacional, taxa de desocupação mais elevada da Região Sul e menor piso salarial no Sul são consequências da política do governo Leite. E como se não bastasse, Leite quer assinar o Regime de Recuperação Fiscal da dívida do estado com o governo Bolsonaro, o que irá retirar ainda mais autonomia e recursos do estado, precarizar serviços públicos, congelar investimentos e subordinar o próximo governador à uma Comissão de Supervisão.

O Brasil e o Rio Grande precisam mudar. Precisamos urgentemente de governos de verdade, democráticos, para retomar o processo civilizatório contra a barbárie da economia neoliberal predatória e a direita neofascista. Governos e representantes preocupados com os que mais precisam, que promovam políticas comprometidas com o desenvolvimento, crescimento econômico aliado à inclusão social, distribuição de renda, trabalho e paz. Quem não tem emprego, tem fome, tem pressa, e quer justiça.

  • Miguel Rossetto foi ministro do Trabalho e da Previdência Social, ministro do Desenvolvimento Agrário, vice-governador do Rio Grande do Sul e deputado federal pelo PT.