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Prof. Jonas Rodeghiero*

Corte da obra de Santi di Tito, retrato de Maquiavél pintado em torno do ano 1550, óleo sobre madeira.

Goteiras, negacionismos e falta na educação

Tratando de um governo, o telhado é sempre de vidro e Eduardo sabe economizar a pedra. Desta vez não havia sol, mas foi a chuva a ser aparada de peneira.

O alerta sobre o “Apagão” na educação –  e os efeitos das políticas de desmonte do setor –  já está feito há muito pelos especialistas, como na climatologia também foi, não adianta posteriormente esboçar pavor e gestos de surpresa.

Uma morte anunciada

Com o devido perdão do trocadilho obscuro, garantimos peso ao texto e a mensagem que  sempre nos fala:

Este modelo de agricultura e de produção capitalista é insustentável. Sem sair do lugar nos afastamos da Amazônia, que encolhe –  os gaúchos e a conquista do oeste, saga televisionada e contada em tom de orgulho – vítima do desmatamento. Aquecimento global, desertificação do pampa, é eucalípto a pampa que se perde de vista e não dá mais pra contar.

Tragédia gaúcha como se fosse grega

Há um mau uso do termo pela imprensa, mas uma irônica aplicabilidade para o desastre que assucedeu-se, pois “Tragédia” trata da luta dramática de uma personagem tentando fugir do destino futuro que já lhe fora prenunciado. Talvez, agora, realmente se trate de uma tragédia, resta discutirmos o determinismo e liberdade de escolha. Estávamos condicionados a perdemos conterrâneos e tantos os seus bens diante de tanta chuva? 

O Príncipe não leu “O Príncipe”

Sito Maquiavel na íntegra, trecho do capítulo XXV:

“Comparo-a a um desses rios torrenciais que, quando se encolerizam, alagam as planícies, destróem as árvores e os edifícios, carregam terra de um lugar para outro; todos fogem diante dele, tudo cede ao seu ímpeto, sem poder opor-se em qualquer parte. E, se bem assim ocorra, isso não impedia que os homens, quando a época era de calma, tomassem providências com anteparos e diques, de modo que, crescendo depois, ou as águas corressem por um canal, ou o seu ímpeto não fosse tão desenfreado nem tão danoso.”

510 anos, sem achar culpados

Quinhentos e dez anos se passaram desde o texto acima, o que é previsível não pode ser tratado por cina, ainda por cima quando envolve a vida, a casa e as coisas da gente. Perdoe-me o clima, sem achar culpados, mas não me conformo que se trate por surpresa uma catástrofe anunciada.

Uma catástrofe anunciada

Estamos esperando uma catástrofe na educação, está acontecendo uma catástrofe na educação, depois não me venham com cara de susto e olhos de choro. As últimas políticas anunciadas são as telhas de zinco, pacotes de água e  kits de higiene distribuídos, como se fosse benesse, em terra arrasada.

A solidariedade com as vítimas é necessária, porém existem tantos ali no meio promovendo-se, parecem ser bons, mas são os mesmos tapando o sol com a paneira!

“QUANTUM FORTUNA IN REBUS HUMANIS POSSIT, ET QUOMODO ILLI SIT

OCCURREN DUM”

*Jonas Rodeghiero é professor efetivo do magistério gaúcho e doutorando em filosofia pelo PPG-UFPEL